sábado, 7 de agosto de 2010

MEU PAI

Gilberto Carlos

Meu pai não é de falar muito
Mas eu consigo entender os seus silêncios
Todos eles
E sei respeitá-los.

Às vezes acho que há um oceano entre nós
Que impede a comunicação e o entendimento
Depois percebo que só há um corregozinho
Facinho de transpor e que somos muito parecidos.

Nas horas em que eu não quero ver ninguém
Posso entender o seu isolamento
E sua revolta pelas coisas imutáveis
Se é que elas existem

Já cheguei a duvidar do seu amor
Por ele não ser explícito como o de mamãe
Mas é porque ele tem dificuldades para lidar com os sentimentos
E guarda tudo para si.

Talvez por isso sofra tanto:
por não conseguir demonstrar o que sente
Sabendo disso posso amá-lo como ele é
E chegar até o seu coração.

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