sexta-feira, 30 de abril de 2010

UM POUCO DE ATENÇÃO


Carla tinha 15 anos, era uma adolescente como outra qualquer, com todos os seus hormônios borbulhando de vontade de namorar e aproveitar a vida.

Seu pai, Inácio, não concordava com todo esse assanhamento e achava que a filha ainda era uma menina.

Todas as noites era o mesmo drama. Ela querendo sair com os amigos e seu pai não deixando nunca.

_ E aí, velho, vai dá pra me liberar pra eu sair com a galera, essa noite?
_ Que palavreado é esse Carla? Não está mais freqüentando a escola?
_ Tô, mas acho aquilo uma chatura. Eu sei mais que todos os professores juntos.
_ Quem te disse isso?
_ A galera.
_ Quem é galera?
_ Uns colegas da escola.
_ Eles disseram que você é inteligente pra te comprar. Pra atrair você pra gang deles.
_ Me respeita, velho. Nós não temos uma gang não. Só queremos aproveitar a vida.
_ Não me chame de velho! Cadê o respeito? A galera pegou emprestado?
_ Por que você não quer encarar a realidade? Seu espelho quebrou? A idade chega pra todo mundo, querendo você ou não.
_ Eu posso não ser mais um rapazinho, mas não precisa ficar me jogando isso na cara o tempo todo.
_ Desculpa aí, foi mal.
_ Não ainda pedir desculpas. O arrependimento tem que vir do fundo do coração e acho que esse não é o seu caso.
_ Tá querendo insinuar que eu não gosto de você?
_ Eu tenho minhas dúvidas.
_ Já sou uma moça e tenho que largar a barra de sua calça. Não posso ficar debaixo de suas asas o tempo todo. O mundo é uma selva, a gente tem que estar preparado pra tudo. Você não vai viver para sempre.
_ Porque você não me chama de senhor, como todo filho respeitador?
_ Senhor tá lá no céu. Ninguém aqui embaixo merece ser chamado assim.
O silêncio pairou na sala por alguns segundos.
_ E aí, vai me liberar? - perguntou ela.
_ Você fala como se fosse uma prisioneira.
_ Não sou, mas me sinto como tal, numa prisão de luxo, feito aquelas dos políticos.
_ Eu não quero que você fique presa aqui, mas também não quero que você saia com aquela turma barra pesada.
_ Nenhum deles é barra pesada.
_ Ah, não? Então porque usam aquelas roupas e tem tantas tatuagens espalhadas pelo corpo?
_ Aquilo é um estilo devida.
_ Um estilo meio alternativo pro meu gosto.
_ Você está sendo preconceituoso, fazendo um julgamento precipitado sem antes conhecê-los melhor.
_ Não conheço e nem faço questão de conhecer.
_ Viu, por isso que é difícil conversar com você, que não cede um triz. Não procura me compreender.
_ Então empatamos. Você também não procura entender as razões de eu te querer sempre perto de mim.
_ Eu sei essas razões. Depois que mamãe morreu naquele maldito acidente, você está sobrecarregado com essas funções de pai e mãe.
_ Você não faria o mesmo? Quero apenas ter proteger, pois eu tenho muito medo de te perder.
_ Você não vai me perder. A mamãe morreu, mas eu ainda estou viva e como vivente eu necessito ver as coisas, conhecer lugares, eu preciso ser feliz.
_ Filha, você vai fazer tudo isso, mas não precisa tanta pressa. O mundo não vai acabar amanhã.
_ Quem te garante?
_ Então o problema é esse? Você tem medo de morrer sem ter aproveitado o máximo que podia.
Os olhos de Carla encheram-se de lágrimas.
_ E não foi isso que aconteceu com a mamãe?
_ Me abraça, filha. Sei que nessa idade vocês precisam muito de atenção.
_ Mais do que qualquer outra coisa.
_ Aquilo que aconteceu com a sua mãe foi uma fatalidade. Não vai acontecer com você. Não precisa ir com tanta sede ao pote. Você tem a vida inteira pela frente.
_ O tempo passa depressa. Quando menos se espera já não há mais tempo... pra nada.
_ Eu já estou do meio pro fim, como dizia minha avó, porém você tem todo o tempo do mundo. Pode errar e tentar de novo, quantas vezes for necessário.
Carla abaixou a cabeça e ficou calada.
_ Ainda quer sair?
_ Hoje, acho que não. Vou pensar um pouco na minha vida.
_ Ta parecendo uma velha, falando desse jeito. Você vai sair sim, mas comigo. Vamos ao cinema, há um filme brasileiro ótimo sendo exibido.
_ Você compra pipoca pra mim?
_ É claro.


Gilberto Carlos

quarta-feira, 28 de abril de 2010

QUASE NADA (Brasil, 2000) *** 1/2



Direção: Sérgio Rezende. Com: José Augusto Pompeu, Camilo Bevilacqua, Chico Expedito, Genésio de Barroso, Denise Weinberg, Caio Junqueira, Ana Luiza Rabello. Drama, 96 min.

Depois de vários épicos sobre personagens da histórias brasileira como Tenório Cavalcanti em “O homem da capa preta”, Carlos Lamarca em “Lamarca”, Antonio Conselheiro em “Guerra de Canudos” e o Visconde de Mauá em “Mauá – O imperador e o rei”, o diretor Sérgio Rezende dirigiu esse drama trágico, que é dividido em três episódios intitulados: Foice, Veneno e Machado, que inicialmente seria o nome do filme, mas o título “Quase nada” é bem mais poético e reflete a condição daquelas pessoas humildes.

“Foice” é sobre dois compadres que trabalham roçando pastos e quando um deles (José Augusto Pompeu) é promovido a supervisor, provoca a inveja do outro (Camilo Bevilacqua), levando a um embate mortal utilizando a ferramenta do título.

“Veneno” tem um vaqueiro medroso e atormentado pelo passado (Genésio de Barroso) e sua mulher inconformada pela passividade do marido (Denise Weinberg) como protagonistas. O assassinato de um menino que transporta o leite da fazenda, deflagra a tragédia.

Em “Machado”, um rapaz que cultiva flores (Caio Junqueira) se apaixona por uma moça das redondezas que tem o sonho de ser sempre livre (Ana Luiza Rabello), mas não consegue fazê-la feliz, nem entendê-la. O episódio mais bonito e trágico deles. Caio Junqueira provou com ele que tem talento dramático e abandonou os papéis de adolescentes rebeldes.

No making off de 18 minutos que acompanha o DVD, o diretor que faz uma participação especial no 2º episódio, revela que escreveu o roteiro em quatro dias, baseando-se em histórias acontecidas quando ele era dono de uma fazenda.

O tema é meio mórbido, pois o que move os três episódios é o crime-assassinato e todos terminam em morte, mas ao mesmo tempo é muito sensível e fala de pessoas anônimas que vivem pelos sertões e se encontram em situações desesperadoras.

O título poderia render um trocadilho infame se o filme fosse ruim, mas como não é, pode-se dizer que Sérgio Rezende consegue quase tudo com histórias tão simples, pouco dinheiro e elenco sem grandes nomes. Vale a pena.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O CINEMA DA RETOMADA


Já comentei esse assunto na crítica do livro “Cinema de novo” de Luiz Zanin Oricchio, mas achei injusto deixá-lo de fora dessa breve história do cinema brasileiro que estou levantando aqui no blog.

A atriz Carla Camurati depois de vários anos trabalhando como atriz de cinema e televisão, resolveu se tornar diretora de longas metragens. Em 1995 lançou “Carlota Joaquina – Princesa do Brazil” protagonizado por Marieta Severo que conseguiu atrair mais de 1,2 milhão de pessoas aos cinemas, tudo controlado por Carla que era também a produtora e acompanhava de perto o lançamento e a bilheteria do filme em cada sala em que era exibido.

Depois da promulgação da Lei do Audiovisual, que criou mecanismos de captação de recursos pela renúncia fiscal, o número de lançamentos aumentou substancialmente com uma média de 30 títulos anuais. De 1995 a 2002, o Brasil produziu aproximadamente 200 longas metragens e esse período é conhecido como a retomada do cinema brasileiro depois da crise.

São desse período também as indicações brasileiras ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro: “O Quatrilho” (1995), “O que é isso, companheiro?” (1997), Central do Brasil (1998), que também deu indicação de melhor atriz à Fernanda Montenegro e depois “Cidade de Deus” (2002) que foi indicado como melhor filme e diretor, além de dois outros prêmios, mas infelizmente nenhum deles venceu.

Cidade de Deus é considerado por alguns autores como o filme que fechou esse período da retomada, pois era impossível que se continuasse recomeçando por muito tempo.

Gosto muito dos filmes desse fase, por isso escolhi os que mais gosto:

1995 – Carmen Miranda – Bananas is my business, Terra estrangeira, As meninas.

1996 – Um céu de estrelas, Como nascem os anjos, 16060, O monge e o filha do carrasco, Tieta do agreste.

1997 – Anahy de las Missiones, For all – O trampolim da vitória, O que é isso, companheiro?

1998 – Ação entre amigos, Alô?!, Central do Brasil (meu filme preferido)

1999 – Um copo de cólera, Dois córregos, Hans Staden, O primeiro dia, O viajante.

2000 – Minha vida em suas mãos, A negação do Brasil, Eu tu eles, Cronicamente inviável.

2001 – Abril despedaçado, Caramuru – A invenção do Brasil, Domésticas – O filme, Mater dei.

2002 – Cidade de Deus, Deus é brasileiro, Rua 6, sem número, As três Marias.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

OS ANOS DA CRISE

Assim que tomou posse em janeiro de 1990, o presidente Fernando Collor de Mello extinguiu os órgãos ligados ao cinema: Embrafilme, Concine e Fundação do cinema brasileiro, o que estagnou a produção nacional. Em 1990 ainda foram lançados 59 filmes que já estavam produção ou prontos para lançamento, quando Collor tentou acabar com o cinema brasileiro. Alguns alcançaram grande sucesso, como “Lua de Cristal”, “Uma escola atrapalhada” e “Sonho de verão”, impulsionados pelo sucesso na televisão de Xuxa, as paquitas e Os trapalhões, além de um grande número de filmes pornôs.

Já em 1991, o número de filmes lançados caiu para 38, sem nenhum grande sucesso, além de Os trapalhões e a árvore da juventude (o último de Mussum) e a refilmagem de Matou a família e foi ao cinema por Neville D’Almeida.

Em 1992, foram lançados apenas 15 filmes, nenhum significativo, um número baixo que seria superado no ano seguinte com apenas 09 filmes, que apesar do número pequeno, tem entre eles o ótimo “Alma Corsária” de Carlos Reichenbach, citado como referência dessa fase.

No ano seguinte, a crise ainda persistia. Dos 12 filmes produzidos, pode-se destacar apenas “Beijo 2348/72”, “Lamarca”, “Sábado” e “Veja esta canção”.

Em 1995, a crise parecia ter chegado ao fim do lançamento de “Carlota Joaquina – Princesa do Brazil, o primeiro filme dirigido por Carla Camurati que conseguiu 1.286.000 espectadores, um número impensável desde 1990.

Além da melhora da qualidade das produções, esse ressurgimento foi alavancado por Itamar Franco, que era vice de Collor e assumiu depois do impeachment. Em seu governo, foi sancionada a Lei do Audiovisual que financiaria de novo a produção de filmes por meio de incentivos fiscais.

Além da pequena produção de filmes e da precariedade das produções, o público não se mostrava muito interessado em assistir. Os raros filmes que conseguiam ser lançados nos cinemas, não passavam de um semana em cartaz.

Nesse período foram produzidos vários curtas-metragens de diretores iniciantes que depois fariam carreira de sucesso como “Deus ex-machina” de Carlos Gerbase, Amor de José Roberto Toreto, Enigma de um dia de Joel Pizzini, O amor eterno de Fernando Bonasse, Caligrama de Eliane Caffé e Cartão vermelho de Laís Bodanski. Estes tinham a vantagem de custar menos, mas apesar de serem bons, a grande maioria deles não é conhecida do público. Só conheço “Deus ex-machina” que passa no CinebrasilTv.

Mas depois desses anos de crise, onde o cinema brasileiro quase desapareceu, ficam as perguntas: Será que só conseguimos manter nossa produção cinematográficas ativa com o apoio estatal? ou Quando conseguiremos produzir novos filmes apenas com a bilheteria arrecada nos filmes anteriores? A resposta não é simples. Se é que ela existe.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

EMBRAFILME


A história da Embrafilme (Empresa Brasileira de filmes S/A) pode ser divida em três fases distintas:

A primeira fase vai de 1969, quando foi fundada até 1994. entre 1970 – 1973 a empresa de economia mista (sendo a União seu acionista majoritário) produziu 83 filmes de longa metragem. Os maiores sucessos dessa fase foram “São Bernardo”, “Toda nudez será castigada”, "Iracema – Uma transa amazônica", "O amuleto de Ogum" e "Lição de amor".


 
Teve o ponto negativo de ter acostumado mal alguns cineastas e produtores que como não tinham que devolver o dinheiro investido em seus filmes, não se preocupavam em conquistar o público e produziam filmes para eles mesmos que se tornavam fracassos de bilheteria.

A segunda fase vai de 1974 a 1985, com início sob a direção do cineasta Roberto Farias. O primeiro filmes comercializado nessa fase foi “Sagarana – O duelo de Paulo Thiago (baseado na obra de Graciliano Ramos), mas o maior sucesso (não só desse período, mas de toda a história do cinema brasileiro), foi “Dona Flor e seus dois maridos” (1976) com quase 11 milhões de espectadores. Em seguida vieram “Tudo bem” (1978), “Bye bye Brasil” (1979), “Pixote – A lei do mais fraco” (1980). Em 1980 foi produzido o maior fracasso da empresa, o insuportável “A idade da Terra” de Glauber Rocha que custou 1 milhão de dólares e não rendeu quase nada. Em seguida vieram os sucessos (inclusive no exterior) de Eles não usam black-tie (1981), Inocência (1983), Memórias do cárcere (1984), A hora da estrela (1985).

A última fase vai de 1986 a 1991 e é marcada pelo esvaziamento político e econômico, apesar dos sucessos significantes de “A marvada carne” (1986), Cidade oculta (1986), Anjos da noite (1987), Sonho de verão (1990) e Lua de cristal (1990).

Em 1º de janeiro de 1990, Fernando Collor de Mello assume a presidência e resolve acabar com a Embrafilme, pois achava que ela era inútil e só servia para gastar o dinheiro público. Essa atitude impensada quase “matou” o cinema brasileiro. Alguns dizem que ele fez isso devido a uma figuração em um filme do cinema novo, o qual ele não gostou, mas essa lenda nunca foi provada e provavelmente é falsa. A empresa agonizou até 1992, quando finalmente acabou.

Muitos criticam a empresa de favorecimentos políticos e de nepotismo, com o financiamento de certos filmes e outros não, mas apesar disso, manteve vivo o cinema brasileiro por mais de duas décadas.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

FIM DE CARREIRA


Gabriela Ferraz senta-se triste em seu surrado sofá da sala, lembrando-se do glamour de sua mansão do passado, quando toda a alta sociedade do Rio de Janeiro ia procurá-la. Alguns apenas com o interesse de sair nas colunas sociais, enquanto outros diziam ser seus verdadeiros amigos. O dinheiro compra todos os amigos do mundo. Agora vive numa casa pobre com apenas três cômodos, um banheiro e alguns móveis velhos.

Pensa em sua carreira de 50 anos como atriz e se entristece ao lembrar que o último trabalho a que foi convidada foi há dez anos. Tinha corpo formoso e rosto delicado. Todos os homens davam um braço se fosse preciso para desfrutar de sua companhia nos bailes.

Papel de protagonista nos melhores dramas do teatro brasileiro. Um troféu de melhor atriz por uma tragédia shakespeariana permanece em cima da estante apanhando poeira. Se alguém pelo menos se interessasse em comprá-lo. Podia usar o dinheiro para fazer as compras no supermercado. A despensa está ficando vazia.

Ninguém se interessa pelo passado. O povo não tem memória. Seus fãs já morreram todos. Se pelo menos aparecesse um convite para atuar numa novela, mesmo que em papel pequeno. O último comercial que fez foi para uma empresa de fraldas geriátricas. Que vergonha! Uma atriz do seu quilate se prestar a esse papel vergonhoso. Ainda bem que seus fãs já estão quase todos mortos, pois se alguém a visse daquele jeito não acreditaria.

Precisa pagar as contas como qualquer ser humano. A aposentadoria mal dá pra comer. As pessoas pensam que quando um ator está há muito tempo sem trabalhar, ele está tirando férias, mas onde já se viu férias tão longas?

Se soubesse que passaria tantas necessidades agora, não teria esbanjado no passado. Tanto dinheiro jogador fora com coisas desnecessárias. Viagens intermináveis pelo mundo afora, roupas exclusivas de estilistas famosos, carros importados...

Como num sonho ela vê todos os seus bens voando pela janela, para pagar as dívidas. Uma a um, eles se vão, ficando apenas aquela pequenina casa, naquele bairro pobre.

Quase não recebe visitas. É melhor assim, os visitantes só dão despesas extras e ela não pode se dar a esses luxos.

O telefone toca e a acorda de seu sonho.

_ Não sei como ainda não cortaram o telefone. Seis meses de atraso. Devem estar esperando fazer aniversário de um ano.

De repente, uma ideia maravilhosa passa por sua cabeça: um convite de trabalho! É isso: um trabalho, um produtor está ligando para convidá-la para uma peça teatral. Treme de felicidade só de imaginar. Esboça um sorriso, como se pudesse ser vista através do aparelho telefônico. Imagina a fama novamente lhe rondando. As pessoas lhe pedindo autógrafos. O dinheiro novamente em sua conta bancária. Pensa em se mudar daquele muquifo onde mora para um lugar mais confortável, onde possa receber alegremente os diretores e colegas atores de seu novo trabalho. Um carro com motorista particular para ir aos compromissos dignamente e roupas novas, pois as suas estão em frangalhos.

O telefone continua tocando e ela sonhando com esse mundo perfeito criado por ela mesma em sua sonhadora cabeça. É melhor atender antes que desistam de lhe dar o papel principal nessa mais nova produção do teatro brasileiro.

Coloca uma gota de perfume vencido, daquela época gloriosa, atrás da orelha, imaginando a limusine encostando na porta de sua casa. O chofer lhe abrindo a porta gentilmente com um sorriso verdadeiro e gratificante no rosto por estar servindo a gloriosa Gabriela Ferraz, estrela de 60 filmes, 40 peças de teatro, 20 novelas de rádio e 15 de televisão, 10 foto-novelas e dezenas de especiais.

O telefone ainda toca. Ela resolve atender finalmente depois de se maquiar toda.

_ Alô – diz alguém do outro lado.
_ Alô.
_ Quem fala?
_ A famosa atriz Gabriela Ferraz.
_ Gabriela, o quê?
_ Gabriela Ferraz. A preferida do diretor Nelson Pereira dos Santos. Você contrata para qual companhia de teatro?
_ Companhia nenhuma, minha senhora.
_ Então por que me ligou?
_ Esse não é o telefone do disque sexo?
_ Me respeite. Quem pensa que eu sou?
_ Desculpe então. Foi engano – diz desligando o telfone
.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

OS PORNÔS NACIONAIS DOS ANOS 80


Com o abrandamento da censura federal, as cenas de sexo da pornochanchada foram se tornando cada vez mais ousadas a partir de 1980, ano em que foi liberada no filme “Boneca cobiçada” (Rafaelle Rossi), a primeira cena de sexo explícito do cinema brasileiro, protagonizada por Oásis Minniti que depois se tornaria um dos atores mais atuantes do gênero. Foi também Rafaelle Rossi quem dirigiu o primeiro pornô nacional, “Coisas eróticas” que estourou nas bilheterias fazendo 4.729.484 espectadores, todos empolgados com a novidade de poder ver o que foi proibido por tanto tempo. Os produtores e diretores pensavam ter descoberto uma mina de ouro, mas mal imaginavam que estavam “matando” a pornochanchada.

Os brasileiros vendo que esse filão poderia ser lucrativo, começaram a produzir em grande escala, motivados pelo sucesso de “Coisas eróticas”. Já os produtores com medo de ter prejuizo com os filmes “convencionais”, começam a enxertar cenas de sexo explícito no meio das pornochanchadas, cenas essas que não tinham nada a ver com a história, já que a maioria das musas da pornochanchada se recusou a participar desses filmes, apesar das propostas tentadoras. Matilde Mastrangi, Aldine Muller e Helena Ramos foram convidadas, mas não aceitaram, ao contrário de Zaira Bueno. Helena e Matilde abandonaram o cinema em 1984, esta segunda só retornaria para participações especiais nos filmes de Guilherme de Almeida Prado.

Como ainda havia censura, esses filmes eram exibidos no país, amparados por mandatos judiciais de segurança. Os orçamentos dos filmes já previam esses gastos com advogados e as custas legais do processo.

Alguns atores conseguiram certo estrelato no gênero, como Walter Gabarron (O beijo da mulher piranha), sua esposa Eliana Gabarron (Cleópatra – Sua arma era o sexo), Wagner Maciel (O sexo dos anormais), Sílvio Jr. (24 horas de sexo ardente), Ronaldo Amaral e Sandra Morelli (a dupla dos filmes sobre cavalos, como Meu marido, meu cavalo e Tudo por um cavalo), Oásis Minniti (A mulher que se disputa) e Sandra Midori (Hospital da corrupção e dos prazeres) entre dezenas de outros.


O ano de 1984 foi um dos mais produtivos para o gênero. Dos 125 filmes nacionais produzidos, 69 eram de sexo explícito.

Vários diretores de pornochanchadas dirigiram filmes pornôs sob pseudônimo: Antonio Meliande (Tony Mell), Fauzi Mansur (Victor Triunfo), Ody Fraga (Johanes Dryer), David Cardoso (Roberto Fedegoso), José Mojica Marins (J. Avelar). Alfredo Sternheim foi um dos poucos a assinar com o próprio nome e sofreu muito preconceito por isso.
Os títulos eram bem mais apelativos que os da pornochanchada: A pistola que elas gostam, Sexo em grupo, Curras alucinantes, Taradas no cio e abusavam de reticências: A b... profunda, O viciado em c..., Elas querem é f...

Alguns filmes tinham até bom gosto, como “Oh! Rebuceteio, o único filme pornô de Cláudio Cunha (Snuff – Vítimas do prazer) e Gozo alucinante que tem direção de fotografia de Carlos Reichenbach (A ilha dos prazeres proibidos).

A produção pornô continuou a todo vapor até o fim de 1989 e início de 1990, quando os filmes ainda eram produzidos em 35 mm. A partir daí com a diminuição das verbas, começou a se produzir em vídeo para o lançamento direto nas locadoras, com produções cada vez mais canhestras. Estava encerrado o cinema pornô nacional pelo menos como se conheceu na década de 80, onde ainda se contavam histórias, mesmo que superficiais.


Doe medula óssea...


quarta-feira, 14 de abril de 2010

PORNOCHANCHADA



A pornochanchada surgiu no cinema brasileiro em 1969 com os filmes Os Paqueras de Reginaldo Faria, Adultério à Brasileira de Pedro Carlos Rovai e Memórias de um Gigolô de Alberto Pieralisi (1970) . Apesar de Reginaldo Faria não se considerar um pornochanchadeiro e achar Os Paqueras um filme quase ingênuo se comparado a outros que tentavam seguir essa linha, pois numa cena do filme, as personagens dele e de Irene Stefânia fazem sexo, vestidos , o que era recorrente nos primeiros filmes.

O nome “pornochanchada” deriva da chanchada (em espanhol, porcaria) e das comédias italianas de costumes, feitas em episódios nos anos 60 . É uma junção de “chanchada”, o gênero predominante no cinema brasileiro das décadas de 30, 40 e principalmente 50, que tinha grande aceitação popular, acrescido da palavra “pornô”, resultante da força erótica intencionalmente presente nas obras. A chanchada era formada por filmes ingênuos e quase sempre insinuando certa malícia, enquanto a pornochanchada tentava introduzir intenções explícitas, mesmo que não pornográficas. Os títulos, em sua maioria libidinosos, tentavam atrair o público às salas de cinema em busca de algo que nem sempre encontravam. Esse público era predominantemente masculino, homens que compareciam em massa às salas de cinema para conferir os enredos eróticos, os títulos apelativos e os corpos femininos desnudos – o que era invariável no gênero.

Grandes sucessos de bilheteria foram lançados na época e como exemplo podemos citar A Viúva Virgem (1972), Como Era Boa a Nossa Empregada (1973), Ainda Agarro Essa Vizinha (1974) Quando as Mulheres Paqueram (1972); Como Era Boa a Nossa Empregada (1973); A Superfêmea (1973); Ainda Agarro Essa Vizinha (1974); O Roubo das Calcinhas (1975); Bacalhau (1976); Dezenove Mulheres e um Homem (1977); O homem de Itu (1977); Mulher, Mulher (1979); Histórias que nossas babás não contavam (1979); Giselle (1980), Aluga-se Moças (1981) e centenas de outros no decorrer de quase duas décadas.

Em quase todas as obras ficava clara a visão de que a mulher era apenas um objeto de desejo para a satisfação dos homens. De fato, eram sempre as candidatas com beleza exuberante, curvas e dotes capazes de chamar a atenção dos diretores da época, que lhe abririam as portas para a carreira cinematográfica, independente de seus talentos como atrizes. Neste período, embora não necessariamente dentro dessas características, fizeram carreira de grande sucesso, Helena Ramos, (protagonista do clássico Mulher Objeto), Matide Mastrangi, Meiry Vieira, Sandra Barsotti, Aldine Müller e Vera Fischer, que foi a primeira grande musa, ainda no início dos anos 70.

Dentro desse gênero percebe-se a constante presença de certos personagens com características marcantes, vulgaridades necessárias para o favorecimento do enredo erótico – não muito complexo, e com articulações mais ou menos óbvias. Tais enredos evidentemente encontravam problemas para contornar os cortes promovidos pela censura federal, que muitas vezes riscava o negativo, deixando a imagem sem som, nos momentos em que as palavras usadas eram consideradas inadequadas.

A pornochanchada teve seu fim com a entrada no mercado dos filmes pornográficos, no início da década de 80, mas resistiu até 1985. Sua redescoberta aconteceu pela televisão, através do Canal Brasil, permitindo assim acesso ao público interessado no estudo do caminho traçado pelo cinema brasileiro, que certamente mistura bons e maus momentos, com produções de qualidade circulando em meio a trabalhos menores, mas todos compondo uma história do cinema, que reflete situações, etapas e visões de mundo também presentes em nossa história de vida.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

CINEMA MARGINAL



O Cinema Marginal brasileiro nasceu em 1967 com “A Margem” de Ozualdo Candeias, que fala sobre as pessoas que vivem às margens do Rio Tietê (quando ele ainda não era tão poluído) e portanto, à margem da sociedade. Em seguida veio um dos filmes mais significativos dessa fase, “O bandido da luz vermelha” de Rogério Sganzerla sobre um serial killer encarnado por Paulo Villaça e trazendo uma ponta da então estreante Sonia Braga.

Esse cinema passou a ser conhecido por “udigrudi”, uma corruptela bem tupiniquim para o cinema underground que era feito em outras partes do mundo e também por marginal por falar sempre de personagens esquecidos pelo cinema convencional, inclusive a vida de bandidos e marginais.

Primava pelo deboche com seus personagens à beira de um ataque de nervos, gritando o tempo todo (o que fazia Maria Gladys nos primeiros filmes de Julio Bressane), sempre reclamando por algo que não tinham, como comida, trabalho, amor ou qualquer outra coisa, o importante era “colocar a boca no trombone”.

Esse filão flertava também com o cinema erótico, já que nasceu quase junto com a pornochanchada e esse erotismo, mesmo que velado, buscava atrair o público às salas de cinema. Como fizeram os filmes “As libertinas” (69), “Audácia – A fúria dos desejos” (70) e principalmente “A mulher de todos” (na minha opinião, o melhor filme de Rogério Sganzerla).

Os filmes eram muito baratos e não faziam questão de disfarçar essa falta de recursos. Eram a defesa do ruim, do desprezível e do lixo e isso os tornava ainda mais marginais.

Outro filme significativo dessa época foi “Bang bang” de Andrea Tonacci, que é tão fragmentado que é difícil de decifrar, aliás isso era comum nos filmes marginais e os aproximava do cinema novo, apesar de sua semelhança ser maior com os filmes da boca do lixo, em especial as pornochanchadas, como fariam prever: “Gamal – O delírio de sexo”, “Orgia ou O homem que deu cria”, “O profeta da fome” e “Brasil ano 2000”

Um diretor que iniciou carreira no cinema marginal e prossegue fazendo o mesmo tipo de filme até hoje é Júlio Bressane, que começou em 1967 com “Cara a cara”, seguido por “O anjo nasceu” e “Matou a família e foi ao cinema”, até seu último filme, “A era do rato” em 2009. O mesmo caso de Rogério Sganzerla que seguiu fazendo filmes marginais até sua morte em 2003, com algumas homenagens nunca bem explicadas ao filme inacabado de Orson Welles, “Its all true”.

Tiveram destaque também Neville D’Almeida (Jardim de guerra), Elyseu Visconti (o interessante Os monstros de Babaloo com Wilza Carla), André Luiz de Oliveira (Meteorango Kid – O herói intergaláctico), Álvaro Guimarães (Caveira my friend), Sylvio Lanna (A sagrada família) e Geraldo Veloso (Perdidos e malditos).

Em 1973, quando alguns diretores retornaram ao Brasil depois do exílio, o cinema marginal já estava dando seus últimos suspiros, a maioria desses diretores tomou outros rumos, em direção a um cinema mais comercial e consequentemente mais lucrativo.

domingo, 11 de abril de 2010

DEIXA-ME SEGUIR PARA O MAR

Tenta esquecer-me...
ser lembrado é como evocar-se um fantasma...
deixa-me ser o que sou, o que sempre fui, um rio que vai fluindo...

Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
me recamarei de estrelas como um manto real,

me bordarei de nuvens e de asas,
às vezes virão em mim as crianças banhar-se...

Um espelho não guarda as coisas refletidas!
e o meu destino é seguir... é seguir para o mar,
as imagens perdendo no caminho...
deixa-me fluir, passar, cantar...

Toda a tristeza dos rios,
é não poderem parar!

Mário Quintana, in: Baú de espantos, 4ª ed., 1988.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

CINEMA NOVO


O autêntico precursor do Cinema Novo foi Nelson Pereira dos Santos, com os filmes Rio 40 graus e Rio Zona Norte, apesar de Glauber Rocha em seu livro Revisão Crítica do Cinema Brasileiro dizer que ele teria começado com Humberto Mauro ainda na década de 30.

Era inimigo número 1 da chanchada, que diziam ser um cinema alienado e consequentemente despolitizado, enquanto o Cinema Novo falava da situação política do Brasil, que estava às portas de uma ditadura militar quase interminável.

Apesar de vários diretores do gênero, o nome mais reconhecido foi o de Glauber Rocha que pregava a estética da fome e o slogan “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”, o que era bem verdade, já que vários de seus filmes não tinham roteiro pré-establecido e contavam histórias incompreensíveis. Apesar de sua fama, não gosto de sua obra, com exceção de seu primeiro filme “Barravento”, mas seus maiores sucessos vieram depois com “O dragão da maldade contra o santo guerreiro”, “Deus e o diabo na terra do sol” e principalmente “Terra em transe”, que conseguiram prêmios internacionais, principalmente na Europa,que o acolheu na época do exílio.

Nelson Pereira dos Santos tem grande importância no gênero, além de ser seu precursor, dirigiu ainda a bela adaptação do livro de Graciliano Ramos, “Vidas secas”, “Fome de amor”, “Azyllo muito louco” e “Como era gostoso o meu francês”.

Chamaram atenção também: Ruy Guerra (Os fuzis), Cacá Diegues com o insuportável “Os herdeiros”, além de Leon Hirsman, Paulo César Saraceni (Porto das caixas), Davi Neves (Memória de Helena), Gustavo Dahl (O Bravo Guerreiro), Eduardo Coutinho (O homem que comprou o mundo), Luis Sérgio Person (São Paulo S/A), Arnaldo Jabor (Opinião pública), Paulo Gil Soares, Geraldo Sarno, Eduardo Escorel, Maurice Capovilla, Roberto Pires e Roberto Farias (o mais popular de todos eles).

O Cinema Novo é idolatrado por várias pessoas, principalmente os intelectuais e aqueles de classes sociais elevadas e não se pode negar a importância que teve para o cinema Brasileiro, inclusive na divulgação do nosso cinema para o mundo, mas nunca foi um cinema popular ou que rendesse grandes bilheterias. As histórias herméticas, politizadas e às vezes incompreensíveis, afastavam o público que preferia as chanchadas, os filmes marginais ou as pornochanchadas.

Acompanho tudo no cinema brasileiro, mas o Cinema Novo nunca esteve entre meus gêneros ou períodos preferidos, apesar de ter gostado de alguns filmes e ser fã de vários cineastas daquela época.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

CHANCHADA


A chanchada foi um gênero cinematográfico de grande aceitação popular que dominou o cinema brasileiro nos anos 30, 40 e principalmente 50. enfrentava os filmes americanos que faziam muito sucesso desde aquela época.

Foi muito criticada, pois se achava que ela não tinha nada a dizer e isso vem da origem do nome cianciata, que significa um discurso sem sentido, uma coisa vulgar, um argumento falso. Em espanhol chanchada significa “porcaria”, mas isso não era verdade, sempre havia algo por trás daquelas histórias ingênuas e algo maliciosas.

No início, serviam para divulgar as marchinhas carnavalescas e vários filmes traziam a palavra carnaval no próprio nome, como “Alô, alô, carnaval” (35), “Carnaval no fogo (49), Carnaval Atlântida (53) e Carnaval em Marte (55). Com o decorrer do tempo, as histórias ficaram mais complexas com a introdução de novas situações dramáticas, abandonando um pouco seu lado teatral e radiofônico.

A maior produtora de chanchada foi a Atlântida, fundada em 1941 pelos irmãos José Carlos Burle e Paulo Burle que produziu sucessos como “Não adianta chorar”, “Esse mundo é um pandeiro”, “E o mundo se diverte”, “Carnaval no fogo”, “Aviso aos navegantes”, “Nem Sansão nem Dalila”, “Matar ou correr” e “O homem do Sputinik”. Em 1962, com o começo da derrocada do gênero, a empresa fechou as portas, só realizando em seguida algumas co-produções. Em 1975, Carlos Manga, um dos astros do gênero, dirigiu um documentário sobre o estúdio: Assim era a Atlântida.

Foram vários os astros e estrelas daquele período, com destaque, como Oscarito, Grande Otelo, Dercy Gonçalves, Eliana, Anselmo Duarte, José Lewgoy, Zezé Macedo, Cyll Farney e Fada Santoro.

As produções eram baratas e tinham retorno garantido de público que lotava os cinemas, mas no começo da década de 60, a fórmula já estava desgastada e o gênero começava a dar seus últimos suspiros, depois de quase três décadas de sucesso.

Em 1989, o escritor Sérgio Augusto lançou pela Companhia das Letras, o livro “O mundo é um pandeiro” que conta a história do gênero e é uma das fontes mais consultadas quando se fala em chanchada.

No início também tinha um pouco de preconceito, mas isso passou e agora adoro as chanchadas. Acho que é impossível gostar de cinema brasileiro e ignorar algum gênero específico. Se ainda não conhece (o que é bem improvável), passe a conhecer também.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

BUZA FERRAZ


Morreu no sábado aos 59 anos, por complicações causadas pela leucemia, o ator e diretor Buza Ferraz. Nascido em 1º de maio de 1950, no Rio de Janeiro, Buza fez sua estréia na televisão na 1ª versão da novela Selva de Pedra em 1972 e no cinema em 1985 com o filme Patriamada de Tizuka Yamasaki. Em 1997 estreou na direção ao lado do amigo Luiz Carlos Lacerda no filme For All – O trampolim da vitória que achei interessante, mas que foi massacrado pela crítica, apesar de ter ganho o prêmio de melhor filme no Festival de Gramado daquele ano. Ficou um tempo afastado da televisão, até retornar em 2006 na novela Páginas da vida de Manoel Carlos. Deixou filho, mulher e uma carreira de bons trabalhos.

CARREIRA COMPLETA
1. "Faça Sua História" .... Passageiro (1 episódio, 2008)
- Cinema Novíssimo (2008) episódio de TV .... Passageiro
2. "Casos e Acasos" .... Jairo (1 episódio, 2008)
- O Celular, a Viagem e o Dia Seguinte (2008) episódio de TV .... Jairo
3. Elvis e Madona (2008) .... Heitor
4. "Páginas da vida" .... Ivan (49 episódios, 2006-2007)
5. Vestido de Noiva (2006) .... Jornalista
6. Viva Sapato! (2002)
7. Brava Gente Brasileira (2000) .... Antônio
8. "Labirinto" (1998) TV mini-series .... Sílvio Fontes Mello
9. Vox Populi (1998)
10. For All - O Trampolim da Vitória (1997)
11. "Você Decide" (2 episódios, 1995)
- Agora ou Nunca (1995) episódio de TV
- O Grande Homem (1995) episódio de TV
12. "História de Amor" (1995) Seriado de TV .... Marcos
13. "Despedida de Solteiro" (1992) Seriado de TV .... Yan
14. "Pedra Sobre Pedra" (1992) Seriado de TV
15. "Meu Marido" (1991) TV mini-series .... Garcia
16. "República" (1989) TV mini-series
17. "Kananga do Japão" (1989) Seriado de TV .... Dudu
18. "Helena" (1987/I) Seriado de TV .... Tertuliano
19. O País dos Tenentes (1987)
20. "De Quina pra Lua" (1985) Seriado de TV .... Pedro
21. "Santa Marta Fabril" (1984) TV mini-series
22. "Marquesa de Santos" (1984) TV mini-series .... Terêncio
23. Patriamada (1984)
24. "Final Feliz" (1982) Seriado de TV .... Paulo (episódios desconhecidos)
25. "Quem Ama Não Mata" (1982) TV mini-series .... Lucas
26. "Brilhante" (1981) Seriado de TV
27. "O Amor É Nosso" (1981) Seriado de TV .... Bruno
28. Romeu e Julieta (1980) (TV) .... Tide
29. "O Rebu" .... Cauê (1 episódio, 1974)
30. "Selva de Pedra" (1972) Seriado de TV .... Júnior

Fonte: IMDB