quinta-feira, 14 de abril de 2011

O GABINETE DO DR. CALIGARI E O EXPRESSIONISMO ALEMÃO


Só depois que terminei de assistir O gabinete do Dr. Caligari é que me dei conta de que foi o filme mais antigo que já assisti, datando de 1919 e um dos precursores do expressionismo alemão.

É a história do maléfico Dr. Caligari (Werner Krauss) que hipnotiza um sonâmbulo (Conrad Veidt) para que ele assassine diversas pessoas, até que ele se rebela quando lhe é exigido que mate uma bela jovem. Mas as coisas não são tão simples quanto parecem, a história é contada em flashback e os segredos são revelados por um livro e um diário escrito pelo Dr. Caligari envolvendo um diretor de hospício que enlouqueceu e que também pode não ser o que parece.




O filme é mudo e em preto e branco, sem adição de trilha incidental. Às vezes chega a ser incômodo ouvir a própria respiração durante a exibição. As interpretações são teatrais e exageradas, bem como a maquiagem e os figurinos. Sombras são pintadas nas paredes e rostos, formas pontiagudas predominam em todos os cenários em todas os cenários que são claramente quadro surrealistas.

Um clássico do cinema reverenciado por várias gerações, que talvez não consiga atrair o público atual, ficando relegado aos verdadeiros amantes do cinema e aos intelectuais, mas deveria ser do conhecimento de todos, já que é bem curto (71 minutos) e empolgante em seu suspense, apesar da revelação final desagradar um pouco.


Cena de O Golem

Dois anos depois de perder a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha voltou a ser notícia com o lançamento de O gabinete do Dr. Caligari que colocou o país no circuito internacional e provocou discussões a respeito das possibilidades do cinema. Surgiu com ele um movimento de cinema que ficou conhecido como o Expressionismo Alemão que por sua vez derivou do expressionismo, que estava ligado anteriormente a outras artes que não o cinema, ressaltando as experiências emocionais do artista sob formas excepcionalmente vigorosas, convidando o espectador a experimentar um contato direto com o sentimento gerador da obra.



Destacaram-se também os filmes O golem (1920) de Paul Wegener e Carl Boeser; Nosferatu: uma sinfonia de horror (1922) e Fantasma (1922) de F. W. Murnau; A morte cansada (1921) e Dr. Marbuse – O jogador de Fritz Lang; Genuine (1920) e Raskolnikow (1923) de Robert Wiene; Da aurora à meia-noite (1920) de Karl Heins Martins e O gabinete das figuras de cera (1924) de Paul Leni, mas o movimento não durou muito depois disso. Diretores alemães continuaram a fazer sucesso como Fritz Lang e seu Metropolis (1927), feito depois do declínio do expressionismo.





6 comentários:

  1. Tenho certeza que você vai gostar do cinemão em CinemaScope do meu blog. Veja também como mostro os astros dessa época de ouro do cinema.
    Vou sempre tirar um tempo pra frequentar seu cinema.

    http://cinemascopeblog.blogspot.com/

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  2. Tá aí um grande filme, Gilberto. Já o vi várias vezes. Adoro Conrad Veidt.
    Já assistiu com ele As Mãos de Orlac? Muito bom.
    Apareça, estou com novidades.

    www.ofalcaomaltes.blogspot.com

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  3. Resenhei esta fita algum tempo no blogue.

    Filmaço clássico cara, o meu favorito do expressionismo alemão. Um filme tão conhecido e cultuado como a torta de maçã.

    Abs.
    RODRIGO

    *tbm gosto muito de M. O Vampiro de Dusseldorf!

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  4. Oi Gilberto, amei o texto. Obrigada por disponibilizá-lo para a gente que não conhece bem a obra. Um abraço.

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  5. Excelente post, Gilberto!Já tinha lido sobre esses filmes, mas não cheguei a vê-los. Uma enorme lacuna pra mim. O único desses que vi foi Nosferatu, e adorei. Há quem diga que o idioma "incomoda" quando o filme é em outra língua que não o inglês, eu considero isso é uma espécie de preconceito. Estamos habituados ao idioma inglês, mas é preciso ver o cinema como arte, e a arte é universal. Ainda sobre cinema alemão, gostei muito do contemporâneo "Corra, Lola, Corra!".

    Abraços!

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  6. Postagem maravilhosa! O Expressionismo Alemão é um dos meus movimentos preferidos. Muito bom ver essa abordagem aqui.

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